sábado, 6 de fevereiro de 2016

Sem novidades, Carnaval na Rede Globo é chato e termina em zero a zero

Todo ano é a mesma coisa. Os desfiles das escolas de samba na Rede Globo começam com repórteres entrevistando gente desinteressante na concentração e terminam com repórteres entrevistando gente desinteressante na dispersão. No meio, durante pouco mais de uma hora, ao som de bateria e puxadores de samba, há uma procissão de alas coloridas e carros alegóricos. O show é monótono na maior parte do tempo. Pouca coisa diferente acontece de foliões pulando. Eventualmente, alguma fantasia, celebridade seminua ou coreografia chama a atenção. Mas os narradores e comentaristas insistem que está tudo "lindo", "maravilhoso", "emocionante".
Para quem não é muito chegado a samba, mas se interessa pelo espetáculo do Carnaval, a transmissão da Globo é um porre de chata, um convite ao sono. Basta assistir ao desfile de uma escola que você já viu tudo. No resto da noite, só mudam as cores, as alegorias, os foliões.
O roteiro é sempre o mesmo: a ficha técnica da escola no início, o repórter-humorista tentando fazer graça na arquibancada, um vídeo caseiro de telespectador do exterior, o narrador explicando o que o carnavalesco quis dizer com determinada referência à Grécia Antiga ou às religiões africanas, as três palavras mais citadas nas redes sociais durante o desfile e a visita de integrantes da escola ao estúdio de vidro no final. É tudo igual. No caso de São Paulo, são sete escolas por noite, sete transmissões iguais. Se o televisor tivesse uma função que permitisse ouvirmos apenas o samba-enredo, o resto não faria muita diferença.
O Carnaval da Globo é um clichê. Numa outra analogia, parece jogo de futebol ruim, em que os dois times apenas tocam a bola no meio do campo, sem procurar o gol. Como a apuração dos resultados só acontece dias depois do desfile, a transmissão termina empatada em zero a zero. Sete vezes por noite.
Nos últimos anos, a direção da Globo determinou a apresentadores, comentaristas e repórteres que eles têm de ser engraçados e informais. A informação de bastidor, que nunca foi o forte das transmissões, virou supérflua de vez. Quer saber se alguém desmaiou, se o tapa sexo de alguma “famosa” caiu, se algum anônimo protagonizou um ato heroico que salvou o desfile? Ah, vai procurar no UOL ou na RedeTV!. Os repórteres da Globo parecem estar mais preocupados com a própria performance no vídeo, no que vão aprontar de “criativo” na próxima entrada ao vivo. Como jornalista, chega a ser constrangedor ver repórter que todo dia aparece no Jornal Nacional se prestar a fazer dancinhas durante o Carnaval.
É claro que nem tudo é culpa da Globo. Não há muito o que inventar nas transmissões, porque o desfile de Carnaval é assim, ótimo para quem está no sambódromo, mas repetitivo para boa parte dos telespectadores.
A emissora, no entanto, poderia melhorar a cobertura de bastidores e ser menos complacente com o evento. Poderia melhorar a qualidade do espetáculo que já oferece, reduzindo os momentos de áudio e imagens sofríveis - um problema que sempre existiu. De que adianta colocar o repórter na concentração se não dá para ouvir o que ele ou o entrevistado falam?
O corte de imagens também deixa muito a desejar, vive apanhando dos “chicotes” (os movimentos rápidos de câmera). Sem ensaio e decupagem, a transmissão ao vivo perde boas imagens. Tanto que os melhores momentos são aqueles em que se reprisam, em câmera lenta, o folião que se atira do alto de um carro alegórico, preso a uma corda, ou a passista que dá um show de habilidade na pista. Por um Carnaval com menos computação gráfica e mais Carnaval.






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